“O judiciário sob o olhar da negritude” é o nome da mostra em exibição no hall da Prefeitura de Contagem, até o dia 17 de janeiro. Com temática voltada à consciência negra, a exposição apresenta 29 quadros, nos quais são retratados advogados e funcionários que integram o quadro da OAB Contagem e que se autodeclaram negras ou pardas. No intuito de dar visibilidade à luta antirracista, a mostra itinerante, iniciada no mês de novembro, no Fórum de Contagem, deverá ser exibida em outros locais de Contagem.
De acordo com o presidente da OAB/MG, subseção de Contagem, Rogério Lisboa, essa é a verdadeira inclusão, que passa por privilegiar aqueles que às vezes parecem invisíveis. "Esse é o nosso papel, da OAB Contagem, em poder trazer para todos essa visibilidade. Consciência se faz todos os dias. E é isso que vamos continuar fazendo sempre, incluir e ajudar as pessoas".
Na visão da fotógrafa Angélica Lima, a exposição surgiu da vontade de trazer visibilidade aos negros. Assim como diz o subtítulo da exposição, mostrar o rosto de quem já tem uma voz. Foi pensando também em homenagear seu próprio pai, homem negro, grande incentivador de sua carreira. “Cada fotografado é muito mais que um rosto ou uma voz. Cada um deles é dono de uma história de muita inspiração para as novas gerações. Então, espero que esta exposição possa ser um verdadeiro instrumento motivacional para as crianças se identificarem e se inspirarem, entendendo que todos podem alcançar o sucesso”.
Para a presidente da comissão de Promoção e Igualdade Racial, da subseção da OAB Contagem, Daphinne Tamires Nogueira, se faz necessário analisar o sentido jurídico do termo “consciência” que, segundo ela, “significa não ser omisso frente a algo que está acontecendo de errado, mas indignar-se com o erro, em todos os dias do ano e não somente no mês de novembro”.
Já para Lisângela Rozemberg, uma das idealizadoras do projeto, “a Exposição tem o intuito de ressaltar que a luta vivenciada pelo povo afrodescendente não foi em vão. Ainda que seja minoria em espaços de poder e decisão, o povo negro se faz presente”.
Novembro, o mês da Consciência Negra
O dia 20 de novembro foi escolhido para simbolizar a luta contra a opressão racial sofrida pelo povo negro no Brasil. Consagrada por meio da Lei nº. 12.519 de 10 de novembro de 2011, a data faz referência à morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior reduto de enfrentamento à escravidão do período colonial,
A data traz, também, a ruptura à ideia de que a liberdade dos negros teria sido “concedida” pela Princesa Isabel pela Lei Áurea, substituindo-a, então, pelo entendimento de “liberdade conquistada”. A propagação desta nova mentalidade e reconhecimento do protagonismo da luta nutriu o movimento antirracista, permitindo que as pessoas seguissem pleiteando a valorização da cultura, história e o papel político dos afro-brasileiros.
“O Dia da Consciência Negra é um chamamento à reflexão sobre o passado, o presente, e à construção de ações afirmativas que tornem possíveis um futuro sem preconceitos, mas com igualdade material e justiça racial para todas e todos”, finalizou Daphinne Nogueira.
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